domingo, 22 de setembro de 2013

RASTREIO DA ESCOLIOSE DO ADOLESCENTE


Escoliose em idade escolar

O excesso de peso e o transporte inadequado do material escolar, a ausência de atividade física específica, os mobiliários não adequados à necessidade do escolar e posturas incorretas adotadas durante as aulas e em período extraescolar, são fatores predisponentes ou agravantes da escoliose em escolares (CARENZI et al., 2004).

 
De acordo com Pinho e Duarte (1995) a criança em idade escolar permanece por várias horas sentada numa posição incorreta, utilizando carteira imprópria que provoca enfraquecimento da musculatura abdominal e dorsal.
É necessário estar atento tanto na maneira que o aluno senta e posiciona os pés (altura da cadeira), quanto na maneira como ele se desloca (desequilíbrio dinâmico) na quadra, na pista, pois os pés são chamados de “tampão central” e fazem a fixação final, além de terem a capacidade de memorizar todo o desequilíbrio do corpo tentando, de uma forma ou de outra, reequilibrar a postura. Este sistema é, portanto, capaz de funcionar em seu desequilíbrio, mas incapaz de corrigir-se sozinho (PROGRAMA POSTURAL, 2008).
Segundo Knoplich (1997) há uma série de exercícios de ginástica, chamados corretivos que auxiliam a não progressão da curva escoliótica e fortalecem a musculatura paravertebral, impedindo que o jovem venha a se tornar um adulto com dores crónicas nas costas. O autor ressalta ainda que o interesse dos jovens por esses exercícios dependerá dos pais com ajuda dos profissionais de saúde e do professor de Educação Física.

Em diversos países, crianças em idade escolar, veem apresentando um aumento considerável de dores nas costas a ponto de tal situação ser tida como epidémica, mais de 50% das crianças, à partir de 11 anos, tem ou já tiveram dores nas costas. Os fatores que levam a este aumento são vários e cumulativos ao longo dos anos, fazendo com que 80% da população adulta chegue a ser afetada por dores nas costas.

Perez (2002) informa que é entre os 07 e os 14 anos de idade, a postura da criança sofre grande transformação na busca do equilíbrio compatível com as novas proporções de seu corpo. Nessa idade em que sua mobilidade é extrema, associado ao surgimento das hormonas sexuais, a postura adapta-se às atividades que ela está desenvolvendo.

Salate (2003) assinala que a deteção da escoliose em fase inicial, antes da ocorrência de uma rotação significativa, poderá resultar em prevenção de anormalidades estéticas percetíveis, dor e complicações cardiopulmonares e neuromusculares, além de menor custo final de tratamento.

A escoliose idiopática do adolescente é definida como uma curva lateral e rotacional da coluna vertebral, medindo pelo menos 10 graus, determinados pelo método de Cobb. É uma deformidade da coluna, da caixa torácica e da cintura pélvica. Como o próprio nome indica, a etiologia da escoliose idiopática da adolescência é desconhecida e descrita como multifatorial, e diversos estudos têm mostrado que sua prevalência é maior no sexo feminino (LOEINSTEIN, 1994).

Segundo Pedras e Castro (1975 apud CARNEIRO E MOREIRA, 2005), existem diversos tipos de escoliose, entretanto, a escoliose idiopática do adolescente (de causa desconhecida) é responsável por aproximadamente 80% dos casos. É mais comum no sexo feminino e seu aparecimento faz-se mais frequentemente, em torno dos 9 a 13 anos de idade. A evolução silenciosa (sem dor) desta afeção poderá levar a deformidades que, necessariamente devem ser evitadas.

Segundo Silva Filho (1999), não existe uma conscientização por parte de pais e filhos, das autoridades e de um grande segmento dos profissionais da saúde, sobre a importância do tratamento precoce para as deformidades da coluna vertebral em geral. Dificuldade esta que constitui uma enorme barreira, pois não fala-se só de leigos, mas também de outras pessoas relacionadas à área da saúde.

Os hábitos posturais inadequados são transmitidos de geração a geração por que as crianças copiam as atitudes adotadas pelos adultos, sejam elas corretas ou não, e, posteriormente, as incorporam ou modificam.

Atualmente, nota-se um crescimento significativo na incidência de problemas posturais em crianças de todo o mundo, sendo as causas mais comuns a má postura durante as aulas, o uso incorreto de mochila escolar, a utilização de calçados inadequados, o sedentarismo e a obesidade (SANTOS et al, 2009).

As atividades escolares podem favorecer a instalação de maus hábitos posturais, e a adolescência, fase em que o crescimento do sistema esquelético, muitas vezes não acompanhado pelo sistema muscular, pode desencadear desvios posturais.

Paradoxalmente, é no período de crescimento que se consegue reverter os problemas surgidos ou não se deixar instalar lesões apresentadas por esses desvios (SHEPERD, 1995).

De acordo com Martelli (2004), a idade escolar é a melhor fase para recuperar as disfunções da coluna, após esse período o tratamento é mais difícil e duradouro. Orientações quanto à postura adequada na infância ou a correção precoce de desvios posturais nessa fase possibilitam posturas corretos na vida adulta, pois esse período é de grande importância no desenvolvimento músculo-esquelético do indivíduo, com maior probabilidade de prevenção e tratamento dessas alterações, onde na vida adulta podem se tornar problemas tão graves que chegam a ser irreversíveis e sem tratamento específico.


FONTE: Tamyres Bindá Dias  e Dayana Priscila Maia Mejia. Incidência de escoliose em crianças de 12 a 15 anos em idade. Pós-graduação em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual – Faculdade Ávila